A pessoa quer ajuda para emagrecer. Não está satisfeita com o corpo, ou seja, com o resultado da alimentação no seu corpo. Se ela foi procurar o psicólogo, ela já – no mínimo – desconfia que tem algo errado na forma dela de se alimentar e que essa dificuldade tem relação com aspectos emocionais ou do seu comportamento. É muito comum falar que ela é ansiosa e que “desconta” na comida.
Qual o seu papel diante dessa situação?
1. AJUDAR NO AJUSTE DE EXPECTATIVAS:
A pessoa está com pressa. Muita pressa. Quer uma mudança rápida. Está ansiosa pelo resultado. Focada no futuro. Ela deposita muita expectativa no psicólogo. Precisamos acolher o sofrimento, aceitar a pressa, mas não podemos nos apressar. Precisamos ajudá-la a se acalmar, se conscientizar de que o processo é gradual, leva tempo. Assim como ela não engordou Xkg do dia para a noite, o emagrecimento também não ocorrerá da noite para o dia.
É comum a pessoa chegar cansada, frustrada, desanimada. Ela já tentou muitas vezes antes e não deu certo. Sua autoestima está baixa, ela está se sentindo impotente. Precisamos estimular a curiosidade dela pela própria história, pelo que ela aprendeu no caminho e pelas mudanças que estão por vir. É claro que leva tempo, mas não devemos perder tempo. Assim como ela fez mudanças que levaram a engordar, ela é capaz de fazer mudanças que levam ao emagrecimento.
A psicoterapia é um processo de autoconhecimento e o psicólogo terá o papel de apoio e incentivo para a autodescoberta. Deve ajudar a pessoa a identificar o que está ao seu alcance para que a mudança aconteça. Mas a mudança em si, terá que ser feita por ela mesma.
2. AJUDAR NA AUTORESPONSABILIZAÇÃO:
Ela quer emagrecer OU quer ser emagrecida?
Ela está disposta a aprender algo com as experiências anteriores?
Ela está disposta a realizar mudanças na sua vida?
Diante de todas essas questões, só temos uma certeza: somos livres para fazermos o que bem entendermos, no entanto, somos também responsáveis por nossas escolhas e pelo impacto que elas terão em nossa vida. Escolher pensar sobre si mesmo, como se sente e se comporta diante das situações e pessoas é o primeiro passo para a mudança!
E aí é que está a questão, não é possível emagrecer de forma definitiva só fazer uma dieta, é preciso mudar a relação com a comida, e para mudar a relação com a comida, é preciso fazer mudanças em outras áreas da sua vida.
Mas para mudar a pessoa precisa primeiro entender o que ela está fazendo e relacionar isso com os resultados que ela vem alcançando até aquele momento. Desde o primeiro momento, precisamos ajudar a pessoa a se conscientizar de que o corpo e o comportamento trazem uma mensagem que vai precisar ser compreendida.
Se ficarmos presos no conteúdo e tentando mudar a todo custo a forma sem compreender a sua função, a tendência é não dar certo. Até porque, muito provavelmente, foram essas as tentativas que a pessoa fez até aquele momento.
3. AJUDAR A DESCOBRIR A FUNÇÃO DA COMIDA E O QUAIS ASPECTOS INTERFEREM NA ALIMENTAÇÃO:
Vamos precisar compreender o que influencia no ato de comer além da fome fisiológica? Precisamos ajudar a pessoa a entender a METÁFORA que a relação com a comida está trazendo. Em geral fala sobre a forma como a pessoa estabelece contato, como estabelece limites, como se comunica e se relaciona com as outras pessoas…
Qual necessidade está escondida por trás da forma como a pessoa se alimenta e se relaciona? O que ela realmente precisa para se sentir melhor?
Proteção, apoio, conforto, descanso, autonomia, interdependência, conexão, pertencimento, diversão, distração, entendimento, compaixão, movimento, escolha, liberdade, relaxamento, paz, segurança emocional…
4. AJUDAR A DESENVOLVER ESTRATÉGIAS PARA A MUDANÇA:
Após a identificação da necessidade predominante, é possível desenvolver estratégias que realmente ajudem a pessoa a se sentir melhor, sem recorrer a comida como um escape.
Seguindo esses passos, a mudança acaba se tornando inevitável.
Seguindo esses passos, o psicólogo se torna capaz de realmente ajudar a pessoa a realizar as mudanças necessárias para que o emagrecimento aconteça de forma definitiva.
Afinal, quando a pessoa se dá conta do lugar em que está e das escolhas que o levaram até ali; é natural que faça escolhas diferentes dali pra diante e realmente chegue aonde deseja chegar.