Atendimento psicológico a pessoas que convivem com doenças crônicas

Após o diagnóstico de uma doença crônica e a definição de um plano inicial de tratamento ocorre uma fase de crise.

O que acontece na fase da crise?

A pessoa entra em contato com a impossibilidade de cura. E, com isso, se depara com questões existenciais como o medo da morte, a percepção de privação da liberdade, isolamento e falta de sentido.

São próprias dessa fase as reações emocionais de choque, negação, barganha, raiva e tristeza, por exemplo. 

A pessoa ainda se depara com limites concretos que são impostos pela doença. Por exemplo, a necessidade de interromper ou adaptar o trabalho. Isto juntamente com os gastos adicionais relacionados ao tratamento podem acarretar em prejuízo financeiro.

São necessárias ainda mudanças na rotina diária e nos papéis desempenhados por cada membro da família.

É comum ocorrer o afrouxamento das fronteiras individuais e a aproximação entre os membros da família. O senso de identidade familiar é reforçado enquanto os membros focalizam em um objetivo comum: lidar melhor com essa doença.

Quais são as tarefas chaves desta fase?

  • Aprender a lidar com dor, incapacitação e/ou outros sintomas da doença; 
  • Aprender a lidar com o ambiente hospitalar e o tratamento;
  • Estabelecer e manter bons relacionamentos com a equipe;
  • Criar um significado para o processo de adoecimento que preserve algo da autoconfiança e mantenha um senso de continuidade entre seu passado e seu futuro;
  • Entristecer-se pelas perdas vivenciadas e desenvolver flexibilidade para lidar com as mudanças constantes e as incertezas; 
  • Unir-se a outras pessoas para conseguir a reorganização da crise a curto prazo.

Como deve ser a atuação do psicólogo após diagnóstico de uma doença crônica?

O atendimento psicológico deve contemplar pontos de avaliação e de intervenção.

Deve-se buscar avaliar a COMPREENSÃO do paciente e dos familiares (se for o caso) acerca do diagnóstico, prognóstico e tratamento indicado.

Enquanto realiza a avaliação da compreensão deve-se explorar e realizar intervenções em relação aos medos que aparecem, assim como às fantasias.

Lembre-se que a fixação no cenário ideal é tão irreal quanto aquela que considera o pior cenário possível. A concentração apenas nos pontos positivos, pode ser um sinal sugestivo de uma negação e/ou minimização da experiência.

Deve-se acolher a EXPRESSÃO EMOCIONAL sem julgamento de valor, com respeito e paciência.

O paciente deve sentir-se acolhido e respeitado em seu tempo de assimilação e elaboração da experiência.

No entanto, devemos evitar que o paciente perca um tempo importante do tratamento nesse processo. Para isso, é possível descrever as reações emocionais observadas e propor uma reflexão quanto a possível e provável evolução da doença enquanto isso.

O objetivo não é convencer o paciente a realizar o tratamento e sim, ajudá-lo a ampliar a consciência do seu funcionamento psicológico e da sua responsabilidade de ação naquela situação.

Deve-se incentivar a reflexão sobre potenciais fontes de apoio.

É possível refletir sobre isso tanto no sentido de reconhecer potencialidades e reforçar o auto suporte do paciente quanto no sentido dele buscar e ou aceitar apoio de outras pessoas nesse processo. 

Ao fazer o atendimento nessa fase inicial, deve-se ter em vista que após essa fase, a doença entrará em sua fase crônica.

Esta fase vai desde o momento da crise até o período mais terminal, sendo que a sua duração depende das características e evolução da doença

Tanto curso da doença (progressivo, constante ou reincidente-episódico), como a extensão em que é capaz de encurtar a vida ou provocar a morte são capazes de provocar impacto psicossocial significativo.

Nesta fase o paciente e a família precisam aprender a conviver com a doença. Conviver no sentido de VIVER COM, a pessoa poderá viver bem ou mal, mas precisará viver com a doença. 

Em relação a dinâmica familiar, neste segundo momento embora o apoio mútuo ainda seja necessário para o enfrentamento da doença, recomenda-se incentivar o máximo de autonomia possível para os membros da família para evitar a instalação da confluência e da super proteção entre eles. 

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Psi. Maria Emília

Psi. Maria Emília

Psicóloga graduada pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Especialista em Gestalt-terapia pelo Comunidade Gestáltica. Especialista em Saúde pela Residência Integrada Multiprofissional em Saúde (Alta Complexidade HU/UFSC). Mestrado Profissional pela UFSC. Atua como psicóloga hospitalar e clínica.  Além de professora, preceptora de Residência e supervisora de estagiários e psicólogos já formados.​
Psi. Maria Emília

Psi. Maria Emília

Psicóloga graduada pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Especialista em Gestalt-terapia pelo Comunidade Gestáltica. Especialista em Saúde pela Residência Integrada Multiprofissional em Saúde (Alta Complexidade HU/UFSC). Mestrado Profissional pela UFSC. Atua como psicóloga hospitalar e clínica.  Além de professora, preceptora de Residência e supervisora de estagiários e psicólogos já formados.​

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